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Por que crianças não devem aprender no grito?

Eu sei que, muito provavelmente, você foi educado na base do grito, da ameaça, do castigo e até da violência física... e eu não estou aqui pra julgar seus pais, não (até porque, muito provavelmente, eles também foram educados assim).

Mas eu preciso te explicar algumas coisas pra que você não saia por aí fazendo o mesmo com o seu filho e achando que tá tudo bem.

Então vamos ao ponto:

Um cérebro estressado não aprende adequadamente. Existe dentro do nosso cérebro uma estrutura chamada amígdala. A amígdala é como se fosse a central de emergências do cérebro. Toda vez que uma pessoa se sente ameaçada a amigdala dispara um alerta que bloqueia todas as funções não vitais do cérebro e o cérebro entra no modo de luta e fuga.

Para entender melhor, vamos voltar para a época que nosso cérebro já tomava a conformação que tem hoje... lá na época das cavernas.

Imagina um homem das cavernas no meio de uma savana africana, e de repente surge um leão bem na sua frente.

Qual a reação do cérebro do homem?

A sua amígdala dispara o alerta. Todas as funções não primordiais param de ser exercidas e o cérebro só pensa em uma coisa: fugir (ou em último caso lutar pela sua sobrevivência).

Não dá pro cérebro desse homem ficar analisando a beleza do leão, a imponência que existe naquela brisa balançando suavemente a juba do leão. Não dá pra analisar que caminhos o leão percorreu...

Não dá, gente! É lutar ou fugir. Qualquer outra função cerebral não é tão importante quanto sobreviver.

Agora, voltemos pros tempos atuais.

É importante lembrar que nosso cérebro ainda tem a mesma conformação. Só que os nossos leões de hoje são outros.

E o "leão" de uma criança pode ser uma mãe gritando irritamente, ou mesmo um pai ameaçando com um chinelo na mão. Gente! Sob ameaça e medo, na dá pra pensar. É lutar ou fugir. E aí vc verá uma reação de recolhimento (que pode ser interpretado como obediência) ou de embate (que pode ser interpretado como rebeldia).

Em nenhum dos casos a criança consegue analisar e refletir sobre os reais motivos para mudar o comportamento. No máximo ela consegue entender que quando mamãe ou papai estiverem nervosos, eu preciso me recolher (ou me defender).

Agora para e pensa aí naquela prova que você fez e ficou tão nervos@ que teve um branco e não lembrou da resposta da questão...

Pois é. A sua prova era o seu "leão". E o branco foi a sua amígdala avisando "pára tudo! Situação de perigo! Agora é lutar ou fugir".
Deu pra entender?

Não seja o "leão" do seu filho.

Na próxima vez que precisar ajudá-lo a perceber que está fazendo algo errado, para, respira, acalma o seu coração, e pacientemente conversa com ele. Tenta entender o porquê dele estar tendo aquela atitude e mostre pra ele que existem outras formas melhores de se comportar. Quando a gente ensina com amor, o coração aprende, o cérebro registra e a gente muda pra melhor.

Me conta aqui como foi a educação que você recebeu e como você tem educado seu filho.

Laura Ohana - Doctoralia.com.br